Montenegro

No lançamento da Campanha da Fraternidade 2021, Diocese anuncia Comissão Especial de Promoção e Tutela de Crianças, Adolescentes e Pessoas Vulneráveis

A Quarta-Feira de Cinza, início da Quaresma e preparação para a Páscoa, tradicionalmente é escolhida para o lançamento da Campanha da Fraternidade. É uma iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB e conta com a adesão de toda a Igreja no Brasil e, a cada cinco anos, também com a adesão das demais igrejas cristãs, dando um caráter ecumênico. Neste ano, o tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema é “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, extraído da carta de São Paulo aos Efésios, capítulo 2, versículo 14. E, também inspirados pela ideia de fraternidade e diálogo, a Diocese de Montenegro aproveitou esse momento para anunciar a Comissão Diocesana Especial de Proteção e Tutela de Crianças, Adolescentes e Pessoas Vulneráveis.

A criação dessa Comissão é uma determinação da Sé Apostólica que, na figura do Papa Francisco, tem sido incisiva no combate a casos de abuso dentro da Igreja, assim como na atenção e acompanhamento a vítimas e agressores. A Comissão da Diocese de Montenegro foi gestada durante todo o ano passado e tem como coordenador o padre Diego Knecht, pároco da Catedral São João Batista e chancelar da Cúria de Montenegro. Também integram a comissão Leila Regina de Oliveira – conselheira tutelar; Leandro Carpes de Oliveira – policial civil, Ir. Maria Alice da Silva – assistente social e Luciana Oliveira da Silveira Primaz – psicóloga.

O assessor jurídico da Diocese de Montenegro, Gabriel Joner, explica que a Comissão tem dois propósitos. O primeiro é de caráter preventivo. “Por isso, vamos divulgar todos os materiais e prestar as devidas orientações para quem necessite, com o objetivo de evitar qualquer tipo de abuso”, explica. Aliás, Gabriel ressalta que Comissão vai tratar de quaisquer tipos de abuso e não somente de clérigos, mas também de leigos e funcionários que estejam a serviço das paróquias e comunidades. “E nosso segundo propósito, em havendo notícias de casos de abuso, é investigar e se for caso tomar as medidas cabíveis, bem como prestar atendimento tanto à vítima quanto a quem cometeu o ato. Por isso, nossa Comissão é formada por pessoas de diversas áreas”, salienta.

 

Como funciona a Comissão Diocesana Especial de Proteção e Tutela de Crianças, Adolescentes e Pessoas Vulneráveis

A Comissão funcionará junto a Cúria da Diocese de Montenegro, na rua Assis Brasil, número 1167, centro. O advogado Gabriel Joner explica que quaisquer denúncias sobre abusos de todas as naturezas devem ser comunicados à Comissão. Isso pode ser feito por telefone, presencialmente, via carta ou e-mail, através do endereço tutela@diocesemontenegro.org.br. “Pode, inclusive, a Comissão instaurar o processo ‘de oficio’, quando tomar conhecimento prática de algum ato lesivo às pessoas protegidas. Diante desse alerta, a Comissão inicia seu trabalho”, explica.

 

Assim que a informação sobre o suposto abuso chega na Comissão, o próximo passo será a abertura de investigação. Será ouvida a vítima e também o acusado, assim como testemunhas. Com essa etapa conclusa, o próximo passo será a reunião de todos os membros da Comissão em plenária para discutir o caso. Em comprovando o abuso, a Comissão encaminha sanções. No caso de clérigos, todo o processo é encaminhado ao Vaticano que avalia a questão e proclama a punição, que pode até chegar a expulsão. Todos os casos também serão encaminhados para as autoridades competentes, como polícia, Ministério Público e Conselho Tutelar.

 

“Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”

Depois de anunciada a Comissão Diocesana Especial de Proteção e Tutela de Crianças, Adolescentes e Pessoas Vulneráveis, o bispo da Diocese de Montenegro D. Carlos Romulo fez o lançamento da campanha da Fraternidade. Nesse ano, a Campanha foi criticada e fez com que a própria CNBB emitisse uma nota reforçando a importância no acolhimento de todas as pessoas, indiferente de sexo, orientação sexual, credo ou origem. “É da experiência da Igreja que surge o ecumenismo, o diálogo e a acolhida”, ressalta D. Carlos ao lembrar o catecismo da Igreja.

Depois de um rápido histórico das Campanhas da Fraternidade, feito pelo coordenador pastoral da Diocese de Montenegro, Pe. Ludinei Marcos Vian, o reverendo Ives Vergara, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, lembrou que a adesão a Campanha da Fraternidade é um desejo do próprio Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil – Conic e representa um ato pleno de ecumenismo. “São ações como essa que devemos adotar, pois representam tudo aquilo que diz respeito a construir uma sociedade sem exclusão e com as demais Igrejas”, pontua. Ao fim, o diácono Dério Mielke, da Igreja de Confissão Luterana do Brasil, conduziu a oração da Campanha da Fraternidade.

Todas as paróquias terão disponíveis os materiais da Campanha da Fraternidade para estudos e reflexões em comunidade. Além disso, o Regional Sul 3 da CNBB preparou também um pequeno livreto sobre a preparação para a Páscoa nas igrejas domésticas e sobre a Via Sacra. Esse material junto com um símbolo pascal, para que as famílias sinalizem em suas portas a sintonia e preparação para Páscoa, estará à venda nas diversas comunidades da diocese. “Que essa Quaresma seja de profunda conversão individual, comunitária e social”, conclui D. Carlos.

 

Por: João Vítor dos Santos