“Deus é fiel; por Ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso” (1Cor 1,9).
Com a Liturgia deste domingo, iniciamos as celebrações do Advento de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Oração da Coleta deste 1º Domingo, nos ajuda a compreender o sentido deste tempo litúrgico: “Concedei a vossos fieis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos” (Oração da Coleta). Portanto, é vigilância ativa na expectativa da vinda do “dono da casa”. A vigilância não é por medo, mas é atenção à missão recebida, e alegre expectativa para acolher o Senhor que vem.
O profeta Isaías apresenta um lamento: “Como nos deixastes andar longe dos teus caminhos e endurecestes nossos corações para não termos o teu temor?” (Is 63,16b). Andar longe dos caminhos do Senhor, endurecer o coração e não ter o temor de Deus, representam atitudes de resistência, de dureza e de desatenção à ação de Deus. É o não vigiar; é o estar dormindo.
Como estamos no início deste Advento? Como está a nossa atenção à Palavra do Senhor? Será que também nós estamos rígidos? Impermeáveis à Graça de Deus?
O profeta Isaías usa a imagem do oleiro: “Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos” (Is 63,7). O profeta Jeremias também usa esta expressão: "O que é a argila em suas mãos, assim sois vós nas minhas, Casa de Israel" (Jr 18,6).
O Tempo do Advento é graça em nossa vida; é oportunidade de transformação. No entanto , precisamos confiar na fidelidade de Deus, permitindo que Ele possa trabalhar nossa vida, como o oleiro trabalha com o barro. Assim como ao criar o ser humano, “o Senhor Deus formou o ser humano com o pó do solo, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida, e ele tornou-se um ser vivente” (Gn 2,7), assim também agora, Ele continua a trabalhar em nós, a nos modelar.
O Tempo do Advento é um convite à conversão, à disponibilidade e à vigilância. Somos chamados a retomar a nossa vocação batismal. No Batismo, morremos para o pecado e nascemos para uma ‘vida nova’. Pensemos na água, que amolece barro; pensemos nas mãos de Deus que nos modela; pensemos no sopro divino, que nos faz viver. Sejamos vigilantes e atentos à Palavra do Senhor, e isto nos fará maleáveis nas mãos de Deus.
Portanto, na espera vigilante e jubilosa; na esperança; e na conversão, encontramos um caminho seguro de transformação e transfiguração espiritual e pastoral: “É Ele também que nos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível, até o fim, até o dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso” (1Cor 1,8-9).
A Liturgia deste Domingo, portanto, é um chamado a avaliar a qualidade da nossa relação com Deus. Qual é o lugar da Sua Palavra em nossa vida?
Vivamos este Tempo como oportunidade de retomar os valores do Evangelho em nossa vida. Uma alegria vigilância na espera do Senhor, que se torna iluminação da vida.
Deus vos abençoe e vos mantenha vigilantes no Caminho do Evangelho.
+Dom Carlos Romulo – Bispo da Diocese de Montenegro.
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