"A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo 20,26).

2º Domingo da Páscoa: Atos 4,32-35; Sl 117; 1João 5,1-6; João 20,19-31.

O Evangelho deste domingo nos apresenta os discípulos reunidos no primeiro dia da semana (dia da ressurreição) e novamente oito dias depois. Este testemunho de João nos aponta para a origem e o fundamento do encontro dos cristãos no ‘primeiro dia da semana’: “O domingo, de fato, recorda, no ritmo semanal do tempo, o dia da ressurreição de Cristo. É a Páscoa da semana, na qual se celebra a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, o cumprimento n'Ele da primeira criação e o início da ‘nova criação’ (cf. 2Cor 5,17)” (São João Paulo II). A Páscoa da semana, dá o sentido para todos os demais dias da semana: “o ‘dia do Senhor’ é o ‘senhor dos dias’” (Autor de uma homilia sec. IV). E ainda como nos ensina São Jerônimo: “O domingo é o dia da ressurreição, é o dia dos cristãos, é o nosso dia”. Sempre é válido recordar este fundamento da nossa fé cristã, na qual fazemos memória do Ressuscitado no meio da comunidade.

Os discípulos estão reunidos, mas estão trancados, estão com medo. A força da ressurreição revela a vida nova e a forma nova da presença do Senhor na Comunidade. A saudação do Ressuscitado desejando a paz, vai abrindo os olhos e o coração dos apóstolos para a vida de ressuscitados: “‘A Paz esteja convosco’ e mostrou-lhes as mãos e o lado” (Jo, 20,20); “A Paz esteja convosco. Como o Pai me enviou eu também vos envio” (Jo 20,21). E mais ainda, Jesus soprando sobre eles disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,23). Jesus ressuscitado se põe no meio deles, como quem preside a reunião dos Apóstolos. O Pai enviou o Filho para sempre. Agora o Ressuscitado associa os Apóstolos e a missão da Igreja a este mesmo envio. O Ressuscitado preside sempre a nossa missão.

O Evangelho testemunha também a importância da comunidade e do Dia do Senhor, quando nos narra, que Tomé, chamado Gêmeo, não estava na comunidade, no encontro com o Ressuscitado, quando Este mostrou “as mãos e o lado”. Tomé, o gêmeo, não estava neste original encontro com o Ressuscitado. Os leitores do Evangelho como todos nós também não estávamos lá, mas, como Tomé, recebemos a mensagem “Vimos o Senhor”. Nossa fé, como a de Tomé, é fruto do testemunho apostólico. A dúvida de Tomé, fez com que ele tivesse, uma experiência singular com Cristo, que permitiu ao Ressuscitado proclamar aos leitores e leitoras do Evangelho, uma bem aventurança: "Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!" (Jo 20,29).

Liturgia de hoje, ainda nos chama a contemplar os frutos da Ressurreição que é vida nova, que é comunhão: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma” (Atos 4,32); a misericórdia de Deus compreendendo “o batismo que nos lavou, o espírito que nos deu vida nova, e o sangue nos redimiu” (Oração da Coleta); e também a missão de “conservarmos em nossa vida o sacramento pascal que recebemos” (Oração após a comunhão).

Abençoado Dia do Senhor!

 

+Dom Carlos Romulo - Bispo de Montenegro

 

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