Diocese

Como são elaboradas as folhas com os cantos litúrgicos de cada final de semana?

A Diocese de Montenegro sempre se preocupou com a formação litúrgica dos fiéis, e tem dedicado especial atenção na formação de instrumentistas e cantores através do canto litúrgico. Antes mesmo da criação da Diocese, já aconteciam os tradicionais ensaios de cantos para cada tempo litúrgico.

Semanalmente diversos músicos e equipes de música da nossa Diocese e de dioceses de todo o Brasil, utilizam nas celebrações, os materiais disponibilizados pela Pastoral Litúrgica Diocesana.

Conversamos com Fernando Petry, que há mais de 8 anos elabora as folhas com os cantos e cifras de cada final de semana. Ele conta como iniciou esse trabalho, as motivações e os desafios. José Fernando, é músico litúrgico desde 1985. Foi, coordenador da Música Litúrgica na Diocese de Montenegro entre os anos de 2012 a 2018.

 

O que motivou e quando iniciou o trabalho da elaboração das cifras?

Quando fui convidado por Dom Paulo Antonio de Conto para ser o Coordenador da Música Litúrgica da Diocese de Montenegro, no início do ano de 2012, pensei em como poderia colaborar de forma concreta para o incremento e melhoria do nível das celebrações nas diversas paróquias e comunidades da Diocese. Não queria apenas ter a função de Coordenador, mas queria realmente ajudar, de forma prática. Então, me dispus a realizar esse trabalho voluntário de cifrar as missas para colaborar com os músicos litúrgicos, que iniciei no final de semana da Festa da Santíssima Trindade, e que agora completou 8 anos.
Também em 2012 sugeri e insisti com os Padres Rafel Groth, Pedro Ritter e Eduardo Haas que os ensaios de canto diocesanos não fossem mais realizados aos sábados pela manhã – que inviabilizavam a participação dos leigos, que são os responsáveis pela animação, e passassem a ser realizados nas noites de segunda-feira. A partir de 2013 foi feito esse “teste” e isso, sem dúvida, possibilitou a participação de muito mais gente, tanto é que os ensaios deixaram de ter a participação média de 50 músicos, para contar com cerca de 300 pessoas em cada um dos 3 ensaios diocesanos do ano (Quaresma e Páscoa, Tempo Comum, e Advento e Natal), o que certamente potencializou a divulgação e formação, contribuindo com a unidade da música litúrgica na Diocese.
Mesmo tendo deixado a Coordenação da Música Litúrgica da Diocese no final de 2018, após 7 anos, resolvi prosseguir realizando este serviço de apoio aos músicos, por já dispor de todo material construído e arquivado e também porque já realizava um trabalho semelhante para auxiliar os animadores do Folclore do Cenáculo de Maria, Movimento do qual participo desde o ano de 1988.

 

Qual é o objetivo de se disponibilizar o material?

O grande objetivo é tornar o material de fácil acesso a todos. Sabemos que a quase totalidade dos instrumentistas que tocam nas celebrações são violeiros e não estudaram teoria musical. Porém, a maior parte do material disponibilizado nos ensaios sempre vem em forma de partitura, o que dificulta ou até inviabiliza que o pessoal faça uso do mesmo.
Outra situação comum era o fato de que os instrumentistas não dispunham das gravações das músicas, então, mesmo que quisessem tocar as canções, muitas delas não eram conhecidas. Assim, percebi que o grande serviço que eu poderia prestar seria muito prático e oportuno: enviar todos os finais de semana por email as músicas da missa sugeridas pelo folheto Dia do Senhor (que a grande maioria das paróquias usa) já cifradas para violão e disponibilizar as gravações, para que o pessoal escutasse e firmasse a melodia ou até mesmo que aprendesse os cantos que não conhecia.
Outra dificuldade eram as fontes diversas dos cantos, que fazia com que os músicos, na hora de tocar, tivessem que estar manuseando livros de cantos, livros de partitura, folhas e polígrafos diversos. Então, a missão que assumi foi tornar o mais fácil e prático possível a confecção do material, de forma que todos, sem exceção, pudessem aproveitá-lo. Hoje, quem quer seguir as sugestões que são disponibilizadas por mim para milhares de pessoas, basta ouvir as músicas para se preparar, imprimir uma folha em duas páginas e já tem todo material prontinho para realizar o seu ministério com precisão.

 

O que te motiva neste trabalho?

A grande motivação, sem dúvida, foi perceber o quanto a qualidade dos cantos nas celebrações melhorou e quantas pessoas que gostariam de tocar puderam realmente prestar esse serviço, pois hoje quem tem um violão e boa vontade, pode sim colaborar na animação litúrgica, pois o material está totalmente a disposição de todos. Além disso, o retorno e a gratidão que recebo do clero, pela melhoria da qualidade musical das celebrações, e de todos que fazem uso do material, é muito grande e me anima muito a prosseguir com o trabalho.
Além disso, como participei de diversos encontros de formação de música e liturgia no Rio Grande do Sul e no Brasil, estabeleci contato com muita gente de todos os recantos, com os quais “trocamos figurinhas” e aprendizados. Isso faz com que o material seja aproveitado, também, além de toda a nossa Diocese, em muitos lugares do Rio Grande do Sul, do Brasil, e até com missionários espalhados pelo mundo, sendo que o site de várias Dioceses e Paróquias também divulgam o meu material.

 

Quais os desafios para a música litúrgica na Igreja?

Sem dúvida, o maior desafio é promover a formação das equipes de música, para que consigam compreender bem a dinâmica, a beleza e a importância de cada tempo litúrgico, de cada celebração, de cada canção e de cada momento em que os músicos podem ajudar as pessoas a rezarem e se encontrarem com Deus.

 

Uma mensagem para os animadores e músicos da nossa Diocese.

Que sigam buscando a formação, o aperfeiçoamento e o aprofundamento no estudo da música litúrgica, para que, também através da liturgia, cada um possa alimentar a sua fé, para depois testemunhá-la no dia a dia, em todos os locais em que frequenta.
E que sigam firmes na sua missão, apesar das dificuldades que sempre se apresentam, assumindo as suas responsabilidades no “protagonismo leigo” e conscientes de que “na Igreja de Cristo todo o batizado é missionário”.