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Missa do Crisma: memórias das enchentes e a esperança que nos renova

Há poucas semanas de completar um ano da maior tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul e em pleno Jubileu da Esperança 2025, a Missa da Crisma, realizada na noite de quarta-feira, 16/04, na Catedral, foi como um bálsamo para o peregrinos de esperança na Diocese de Montenegro. “Viemos de tempos difíceis aqui nos Vales do Caí e Taquari. Mas, em meio a esta dificuldade, sentimos esse perfume. Um perfume que se fez sentir na solidariedade. É um sopro perfumado do espírito de Deus sobre nós”, destacou Dom Carlos Romulo, bispo diocesano.
 
A Missa do Crisma é um momento de unidade de toda a Diocese, pois é neste momento que representações das 30 paróquias vêm à Catedral juntas, além do clero que estava reunido já desde a tarde. É também o momento em que são abençoados os óleos que serão usados nos Sacramentos do Batismo, Unção dos Enfermos e Crisma. Este último, o do Crisma, ainda é perfumado e seu odor se espalha por toda a igreja, criando uma mística muito própria deste momento. Além do Crisma, este óleo serve ainda para as ordenações diaconais e presbiterais. Ou seja, este ano teremos as ordenações do seminarista Maicon Machry, nas quais serão usadas este óleo.
 
Outra particularidade da Missa do Crisma de 2025 foi a realização, na mesma ocasião, do Jubileu dos Ministérios Litúrgicos. Este ministério compreende todos aqueles envolvidos nas celebrações eucarísticas, desde presbíteros a leitores, equipes de música litúrgica e ministros extraordinários da Eucaristia. Na Diocese de Montenegro, o chamado Setor Liturgia ainda compreende a Arte Sacra, entendida como espaço de Liturgia.
 
Para marcar este jubileu, três representantes das equipes de liturgia de cada paróquia, juntamente com seu pároco, ao fim da missa, receberam uma fração dos óleos das mãos de Dom Carlos. Ainda como ícone do Jubileu dos Ministérios Litúrgicos, foi entregue uma concha dourada que representa, e deve ser usada nas paróquias, no momento do Batismo. “A concha é símbolo do cuidado, que guarda a vida. Um molusco, por exemplo, abriga-se dentro de uma concha e, sem ele, ela não se movimenta”, compara o padre Jonas Gomes, coordenador diocesana de Pastoral.
 
No entanto, Jonas explica que é ainda mais relevante que João Batista é nosso padroeiro. “Algumas imagens do batismo de Jesus retratam João Batista derramando as águas do Rio Jordão sobre a cabeça de Nosso Senhor com uma concha”, detalha. No próprio brasão da Diocese de Montenegro temos a representação de uma concha, marcando esta relação com João Batista.
 
Imagem peregrina
 
Por volta das 19h, ainda meia hora antes da celebração, a Catedral estava praticamente lotada. Na porta da Igreja, o clero saudava quem chegava. “Este é um momento muito importante, em que a comunidade revê aqueles padres que passaram pela sua paróquia. Isso é bonito. Só fui realmente entender o valor disto quando me tornei padre”, observa Pe. Jonas.
 
Todo este clima de reencontro só foi quebrado com a chegada da imagem peregrina de São João Batista. Desde o início de março, marcando o Jubileu da Esperança, ela tem passado pelas paróquias da Diocese. Até o fim do ano jubilar, terá percorrido as 30 paróquias, além de seminários diocesanos. Na Missa do Crisma, ela foi trazida pelos seminaristas da fase propedêutica, que vivem no Seminário São Paulo Apóstolo em Montenegro. Agora, depois da Missa, a imagem segue para Teutônia, na Paróquia Nossa Senhora do Rosário.
 
 
“Jesus fez uma leitura como um leitor, como tantos leitores e leitoras de nossas comunidades”, diz D. Carlos
 
Em sua homilia, Dom Carlos Romulo, bispo diocesano, usou a figura do peregrino, central neste ano jubilar, para refletir sobre a jornada que o povo da Diocese tem percorrido até aqui. E por isso passam todas as provações, como as enchentes de 2023 e 2024. Ao destacar que em meio a tanta dor vimos germinar a esperança, pontuou: “Jesus é a nossa esperança. A esperança não decepciona porque é Jesus. Que, ao longo deste ano santo, possamos seguir experimentando essa esperança e alegrias de nossa Diocese, uma alegria que vem do coração e se transforma em missão", conclui. 
 
Dom Carlos ainda recordou a missa de quarta como um momento muito especial aos Ministério Litúrgicos, que celebravam seu jubileu. Lembrou que na liturgia da palavra desta noite ouvimos o profeta Isais e o próprio Jesus, que declara o início de sua missão ao ler a passagem do próprio Isaías. “Jesus volta para sua comunidade, a sua aldeia. E ali Jesus toma as palavras do profeta Isaías. Jesus fez uma leitura como um leitor, como tantos leitores e leitoras de nossas comunidades”, observou o bispo. 
 
Quem acompanhou a Missa do Crisma conseguiu perceber plenamente a importância dos Ministérios Litúrgicos. A flauta tocada por Vinicius Orth, ainda nos primeiros movimentos da procissão de entrada, nos levava a um outro lugar. Seguido pelas notas dos instrumentos dos demais músicos e da voz de cantoras e cantores, criava-se o espaço de liturgia. Espaço que ainda foi preenchido com a voz de leitores e leitoras, dos presbíteros e de toda a comunidade. Como sempre frisa Dom Carlos: “a liturgia deve levar a Jesus Cristo”. E, pela união e unidade de todo o povo da Diocese de Montenegro, foi o que ocorreu na Missa do Crisma deste ano do Jubileu da Esperança.

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