Pe. Eduardo Haas
Paróquia Cristo Rei - Tupandi
Um amigo deu-me um livro com um título muito interessante: "Na fragilidade a nossa força". A temática parte do apóstolo Pedro que, cheio de fragilidades, é escolhido por Jesus para uma missão única. O autor é André Louf, e a editora é Mundo e Missão.
Acredito que a Páscoa, este mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, pode ser considerada na perspectiva da fragilidade que revela uma grande força. Em geral, associamos força a poder, domínio, desempenho. Até antepomos as palavras: forte e fraco. A fragilidade ou fraqueza é o oposto da força, sua negação ou ausência. Contudo, na lógica cristã, pode não ser bem assim.
Jesus fez muitos milagres e, para o povo que acompanhou esses acontecimentos, eram sinais evidentes da força de Deus que estava em Jesus. Quando transcorreram os dias dramáticos da condenação, prisão, tortura, crucificação e morte de Jesus na cruz, o que devem ter pensado os seus seguidores? “A outros salvou, salve-se a si mesmo se, de fato, é o Filho de Deus!”. O pedido era: “Mostra a tua força, Jesus!”. E qual a resposta? Jesus mergulha no mais profundo da fragilidade humana. Condenado inocente, não revida, não tenta fugir, não amaldiçoa, não promete vingança. Ele padece, sofre e morre na mais absurda fragilidade que se possa pensar para o Filho de Deus!
A cena da crucificação foi tão dura que muitos fugiram, talvez por medo, talvez por decepção. Eu não sei como teria reagido se fosse um dos seguidores contemporâneos a Jesus. Hoje, olhando os acontecimentos com a distância da história, sabemos que, no máximo da fraqueza, Deus estava revelando a maior de suas forças: o amor. Jesus não se preocupa em salvar-se a si mesmo. Sua preocupação é entregar-se, doar-se, amar. Na entrega de si Ele abre o caminho da salvação. Ele perdoa e reza pelos que o crucificavam. O modo como Ele morreu, com muita dor, mas sem raiva, fez até o soldado romano exclamar: “Certamente este homem era Filho de Deus!”
Encarar nossa fragilidade
A Páscoa é um convite a não fugirmos da nossa fragilidade. Hoje fala-se da “positividade tóxica”, esta tentativa de exagerar a ênfase naquilo que é positivo, procurando reprimir ou esconder tudo o que é negativo. Diante de Deus não precisamos parecer melhores do que somos. Devemos permitir que o amor de Deus toque nossas fragilidades, pecados, vulnerabilidades, pontos fracos, vícios. Ele escolhe o que é fraqueza para o mundo a fim de confundir o que é forte; é na fraqueza humana que a força de Deus se manifesta, escreve São Paulo.
Querido leitor, desejo-te uma abençoada Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sua cruz é, simultaneamente, o sinal máximo da fraqueza e a expressão máxima da força humana e divina presentes em Jesus de Nazaré. Porque Ele viveu, morreu e ressuscitou é que nós podemos ter esperança. Nossa esperança não vem dos que se apresentam como fortes, mas do Deus que é amor e, amando, nos salva, nos acolhe como somos para salvar-nos, para fazer-nos passar, com Ele, da morte para a vida!