Pe. Eduardo Haas
Paróquia Cristo Redentor - Tupandi
Escrevo enquanto sigo assistindo algumas reportagens sobre o Papa Francisco, falecido na última segunda, dia 21/04/2025. Ele morreu em casa, poucas horas depois de ter aparecido na Praça de São Pedro, visivelmente fragilizado, mas, como sempre, muito lúcido.
Poucos meses atrás, ele reformou os rituais de funeral do Papa, simplificando-os. Francisco deixou, ainda, um testamento, breve e muito significativo. Neste testamento, ele define que quer ter o seu corpo sepultado na Basílica Papal de Santa Maria Maior, e não na Basílica de São Pedro, como era a tradição do sepultamento dos papas. Ele dá dois motivos especiais para esta escolha:
1. Sua devoção e seu amor a Maria Santíssima.
2. Todas as viagens dele iniciavam e terminavam com uma oração nesta Basílica, diante da imagem de Nossa Senhora; e ele quis que ali terminasse a sua última viagem terrena! Que significativa esta escolha! O Papa interpreta, como cristão que é, sua morte como a última viagem terrena de sua vida.
Outros pedidos do Papa: ser sepultado num corredor lateral, no chão, e que sua lápide tenha só uma inscrição, o seu nome de Papa. Não quer enfeites, adereços, destaques, títulos, homenagens. Só o seu nome que é a síntese da sua missão: Francisco. Este nome identificou o Papa da simplicidade, da paz, da fraternidade.
Até na morte um ensinamento
Ele escreveu que naquela basílica ficarão os seus restos mortais à espera do dia da ressurreição. Até na morte ele nos ensina: cremos na sacralidade do corpo humano e na ressurreição da carne. Por isso, não se jogam os restos mortais de uma pessoa em um lugar em que se perca a referência. Escolher uma sepultura é expressão da fé na vida eterna. E os restos mortais são colocados aí com respeito, reverência e esperança na ressurreição.
O Papa deixa encaminhado também um valor em dinheiro para as despesas do seu funeral. Fiquei surpreso com este dado. Ele não teria que se preocupar com isso pois, como líder supremo da Igreja, estes pormenores seriam todos supridos pela própria instituição. Mas não: sua pobreza não é a de quem quer depender dos outros, é a pobreza livremente escolhida de não ser pesado a ninguém, de estar livre de privilégios.
Os 12 anos do pontificado de Francisco foram encantadores. Quantos gestos, palavras, documentos, sorrisos e olhares que nos ajudaram a caminhar na fé. Deus seja louvado por ter colocado à frente da Sua Igreja um homem como Francisco.
Uma despedida
Muitas especulações já acontecem sobre quem será o próximo Papa. Penso duas coisas a respeito disso:
1. Devemos primeiro viver a despedida de Francisco, respeitar estes dias de velório, de agradecimentos, de orações, de lágrimas e de reflexões.
2. As especulações são pouco ou nada frutuosas, pois cremos que o Espírito Santo age na condução da Igreja; não é simplesmente uma eleição política, há algo de divino nesta eleição e, sobretudo, nos caminhos da Igreja Católica. Por isso, rezemos e acolhamos com fé, esperança e amor a pessoa que, através das escolhas dos cardeais, o Senhor designar.